Nem sempre foi assim, não me custa confessá-lo, mas à medida que os anos avançam, as coisas que faço na vida são, na maior parte das vezes, as coisas que entendo que devo fazer. É importante esclarecer que esta afirmação não deve ser confundida com “as coisas que gosto de fazer”. Haverá porventura uns felizardos que poderão dizer que fazem apenas o que gostam de fazer. Mas não é o meu caso. Infelizmente, penso eu, nos dias mais difíceis; felizmente, noutros dias, a maioria. O que me trouxe a este tema, e mais não estou que a desconversar, é o facto de achar curiosa a relação que se estabelece entre os seres humanos e no equilíbrio muitas vezes precário que se cria e vai desenvolvendo entre as partes quando uma delas faz o que entende que deve fazer, mesmo que isso acarrete inevitáveis sacrifícios, e a outra parte usufrua dessa atitude. Acho curiosa porque uma das partes faz que entende que deve fazer sem esperar nada em troca, nem mesmo reconhecimento ou agradecimento, e tendo até uma sensação inexplicável de pudor quando o assunto é abordado, propositadamente ou não. A outra limitando-se ao usufruto, tem a tendência de perder a lucidez de olhar em redor e, porque não dizê-lo, perder também a noção da realidade que a rodeia. Ah, mas isso quer dizer que devia ficar agradecida? Nem por isso, ou melhor, não de todo. Quer apenas dizer que devia ter a clarividência e evidenciar uma atitude diferente perante o que usufrui, e outro comportamento junto da tal parte que faz o que entende que deve ser feito. Volto a reforçar que não se trata de ingratidão de uma das partes, nem de “tendência para otário” da outra. Acho apenas curiosa, e sem qualquer espécie de mágoa, esta relação que nem chega a estabelecer-se. E vou continuar a seguir os ensinamentos sábios de quem me criou, e permanecer neste rumo de fazer o que entendo que devo fazer. Os actos não ficam para quem os pratica? Continuo a achar que sim, sem ter a certeza absoluta disso. Como me dizia alguém que muito prezo, certezas absolutas mais não são que becos sem saída.
23.4.08
Afinal os actos ficam para quem?
Nem sempre foi assim, não me custa confessá-lo, mas à medida que os anos avançam, as coisas que faço na vida são, na maior parte das vezes, as coisas que entendo que devo fazer. É importante esclarecer que esta afirmação não deve ser confundida com “as coisas que gosto de fazer”. Haverá porventura uns felizardos que poderão dizer que fazem apenas o que gostam de fazer. Mas não é o meu caso. Infelizmente, penso eu, nos dias mais difíceis; felizmente, noutros dias, a maioria. O que me trouxe a este tema, e mais não estou que a desconversar, é o facto de achar curiosa a relação que se estabelece entre os seres humanos e no equilíbrio muitas vezes precário que se cria e vai desenvolvendo entre as partes quando uma delas faz o que entende que deve fazer, mesmo que isso acarrete inevitáveis sacrifícios, e a outra parte usufrua dessa atitude. Acho curiosa porque uma das partes faz que entende que deve fazer sem esperar nada em troca, nem mesmo reconhecimento ou agradecimento, e tendo até uma sensação inexplicável de pudor quando o assunto é abordado, propositadamente ou não. A outra limitando-se ao usufruto, tem a tendência de perder a lucidez de olhar em redor e, porque não dizê-lo, perder também a noção da realidade que a rodeia. Ah, mas isso quer dizer que devia ficar agradecida? Nem por isso, ou melhor, não de todo. Quer apenas dizer que devia ter a clarividência e evidenciar uma atitude diferente perante o que usufrui, e outro comportamento junto da tal parte que faz o que entende que deve ser feito. Volto a reforçar que não se trata de ingratidão de uma das partes, nem de “tendência para otário” da outra. Acho apenas curiosa, e sem qualquer espécie de mágoa, esta relação que nem chega a estabelecer-se. E vou continuar a seguir os ensinamentos sábios de quem me criou, e permanecer neste rumo de fazer o que entendo que devo fazer. Os actos não ficam para quem os pratica? Continuo a achar que sim, sem ter a certeza absoluta disso. Como me dizia alguém que muito prezo, certezas absolutas mais não são que becos sem saída.
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4 comentários:
grande desabafo sim senhor !
Mas deixe-me dizer-lhe meu amigo :)que os actos ficam sempre (e eu raramente uso esta palavra) para quem os pratica, tal como a consciência de dever - direito cumprido.
O resto? como costumo dizer .. o resto são peanuts! ;)
Bom fim de semana xl *
Agradecido pelo simpático e solidário comentário, Miss Once.
E como eu gosto de amendoins (risos)... mas não me fazem lá muito bem...
Bom fim-de-semana xl para si também. :)
Inteiramente de acordo com Once!
Este seu post, Mike, caberia, direitinho, na sua série "Vidas" ; nem tudo o que reluz é ouro, mas a conclusão do mesmo é que vale...
Gostei de ler.
Obrigado Cristina. :)
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