18.5.08

Crónicas de uma viagem (VII)



Ergue-se no meio de uma planície da savana e oferece, para quem o avista, um espectáculo único. Ali em África, entre a Tanzânia e o Quénia, majestoso e misterioso com as as suas neves perpétuas no alto dos seus quase seis mil metros de altitude. Se em Masai significa montanha branca, em Swahili, a montanha é chamada brilhante. Quando o avistei e enquanto avançava para ele, decidi ser juíz de causa alheia e, para mim, o Monte Kilimanjaro terá o nome que os Masai lhe deram, provavelmente influenciado por Ptolomeu, geógrafo egípcio que, rezam as crónicas, mencionou em tempos idos, a existência de uma montanha branca. Parámos no início da via Marangu, uma das que nos leva até ao topo, e olhei para o alto, para a neve que o cobria que, tudo a leva a crer, deixará de lá estar depois do ano 2020. Neste caso o aquecimento global não é o culpado e sim o próprio aquecimento do Monte Kilimanjaro, causado pelo lento retomar da actividade do vulcão que sempre lá existiu. Ainda com os olhos fixos no cume, deixei que a memória me trouxesse “As neves do Kilimanjaro”, e a imaginação me levasse por alguns dos trechos dessa narrativa brilhante de Ernest Hemingway. Respirei fundo sem tirar os olhos das neves perpétuas mas não eternas, e virei as costas ao Monte Kilimanjaro, sem nunca mais o ter fitado no caminho de regresso à tenda que me acolhera na noite anterior e onde iria dormir antes de partirmos para Nairóbi. Mas trazendo aquele momento comigo para sempre. No coração.

21 comentários:

cristina ribeiro disse...

Volto já para ler mais esta que, no seguimento das outras, deve ser de fazer inveja :)
Agora vim ver se havia festa verde-e-branca por aqui, mas não vejo champagne; não seja forreta, Mike :)

Anónimo disse...

(Risada), Cristina. Vou fazer-lhe a vontade, ainda hoje. :)

O Réprobo disse...

Meu Caro Mike,
é belíssima a paisagem e, quando comecei a lê-Lo, pensei logo no E.H.
Não sabia que ainda havia girafas tão a Norte, parece que estão todas esticadas para espreitar o cimo da montanha...
Abraço, mas olhe que o espumante da Cristina só servido na própria saladeira que ganharam...

cristina ribeiro disse...

Saladeira, hã!; olha para ele ;)

Quanto ao Kilimanjaro,"eu também quero ir" (amuo) :)

Anónimo disse...

Meu Caro Réprobo, está convidado a beber o espumante da Cristina na belíssima taça, e reconheço em si virtudes que me levam a acreditar que aceitará de bom grado este convite que lhe é endereçado.
Abraço (entre risos).

Anónimo disse...

Cristina, fiz bem em convidar o nosso Caro Réprobo, não fiz? :)
E a senhora não se ponha com amuos (risos) que acabou de chegar dessas belíssimas paragens açoreanas.

fugidia disse...

Posso tb amuar? Ou chorar? :-(
De inveja?
Porque também queria ter ido a estes sítios espectaculares?

Fotografias belíssimas, caro Mike :-)

cristina ribeiro disse...

Mike, sei que o Paulo sabe que está sempre convidado; e agora entre nós: quem desdenha quer comprar, mas aquela peça esplendorosa a que chama "saladeira" não está à venda :)
So sorry, Paulo .

Anónimo disse...

Fugidia, poder, pode... mas acho que é melhor sorrir. :)
E os sítios continuam lá, para quem os queira visitar.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Faço das palavras da Cristina as minhas, Caro Réprobo. So sorry. Mas desejo boa sorte ao Seu Benfica no grupo que lhe calhar na Liga dos Campeões. ;)

ana v. disse...

Está visto que tenho que lá ir antes de 2020, antes que passe a Montanha Castanha e perca toda a magia. Talvez este ano ainda, se não for à Índia.

Paulo, essa da tigela teve graça!

Anónimo disse...

Ana, humprff... denoto aí um benfiquismo camuflado... ;)

CPrice disse...

.. deliciosa prosa esta.
:)

fugidia disse...

BENFICA!
BENFICA!
BENFICA!

(gargalhada encarnada rubro!)
:-)))

Anónimo disse...

Miss Once, simpático comentário o seu. :)

Anónimo disse...

Fugidia, a menina ainda se engasga de tanta gargalhada. E é caso para perguntar, sendo a donzela do Benfica... De que ri a menina? Do seu Benfica?

tcl disse...

Olá Mike!

Cheguei aqui pelos cataventos da porta do vento que raramente me desiludem. Tem bom gosto a Ana. Então li o cpítulo VI das crónicas de uma viagem, vim aqui ao VII e está visto que tenho de ler os outros, para voltar a sentir ainda mais esse cheiro de áfrica que é diferente do equador para baixo, não é? nunca estive no Quénia onde gostaria de ir, mas já estive na Namíbia, bem menos turístico, mas fascinante com os seus desertos únicos. Ainda há pouco disse no meu blog que queria voltar a Goa, agora fiquei com vontade de voltar a esta áfrica...

Anónimo disse...

Bem vinda seja, tcl. Ora, simpatia sua, que devo agradecer. E sim, África é diferente abaixo do equador, mesmo, estou certo, numa Namíbia onde nunca estive mas hei-de um dia estar. O deserto que as fronteiras delineadas pelo homem dividiram é o mesmo do sul da minha Angola. :)
Ia perguntar o faria uma falabarata aqui a desconversar... ora, claro, está explicado (risos).

PSB disse...

Mike
Nova crónica excelente, a deixar-nos roídos de inveja e a pôr-nos a sonhar. E o requinte das tendas é extraordinário.
Um abraço

Anónimo disse...

Obrigado, Pedro.
Um abraço.

Arquivo do blog